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MÁRIO JORGE VIEIRA
( BRASIL - SERGIPE )

Mário Jorge nasceu em Aracaju/Sergipe no dia 23 de novembro de 1946.
Iniciou seus estudos  no Educandário Brasília e depois no Atheneu Sergipense e Arquidiocesano.
Em 1966 começou a estudar na Faculdade de Direito de Sergipe.
No ano seguinte se mudou para São Paulo onde cursou Ciências Sociais.
Militava no movimento estudantil desde secundarista, tendo sido presos em 1968, respondendo processo em liberdade por atividades subversivas, sendo absolvidos em 1972.
Abandonou definitivamente ambos os cursos em 1970.
Revolução, lançado em Aracaju em julho de 1968, foi seu único trabalho publicado. Além de alguns poemas e artigos em jornais e revistas sergipanas.
Fez algumas experiências com Super-8; participou de um festival de música com “Sem Essa Urubu ou a Canção de Ninar do Bebê Carniça”; colaborou em peças e shows.
Em 1972 foi um dos editores do jornal Toke.
Teve dois filhos: Ernesto e Homero de Mário Jorge Luiz.
Mário Jorge morreu num desastre de automóvel no dia 11 de janeiro de 1973.

***

O escritor Mário Jorge Vieira, irmão da deputada Ana Lúcia Vieira (PT) foi homenageado durante o último Espaço Cultural de 2016, realizado na noite desta quarta-feira (14) no Foyer da Assembleia Legislativa de Sergipe. Ele morreu aos 26 anos de idade, vítima de acidente automobilístico.

Mário Jorge marcou a história da Literatura sergipana. 

 

VIEIRA, Mário Jorge.  Poemas de Mário Jorge. Apresentação Wellington Mangueira. Aracaju: 1982.  182 p.   No. 10 853   Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda.


canto verdadeiro

o canto que vem da terra
sujo de sal e areia
feito de ferro e de pedra
tem a força do trovão


que afugenta a tristeza
do peito do homem e medra
de dentro do coração
a revolta que é pureza
hoje presa, por cadeias
forjadas com o suor
do homem, que planta o grão
que sé trigo e não é pão
pois o produto do ofício
tem vocação oceânica
e alimenta a satânica
fábrica dos artefatos
terríveis e monstruosos
que trazem destruição

o canto que vem da terra
é chama, é grito de guerra
é choro de amarguras
é canto de esperança
verdadeiro qual criança
que brinca de pés no chão
o canto que vem da terra
não é canto, que é feito,
de encanto e desencanto
de tristeza e alegria
é grito feito de fome
de sofrimento e de choro
de menino sem infância
é canto que é poesia
porque no escuro anuncia
a aurora redentora
o fim da escuridão


pedrada

em tempo de dura andança
(povoado de inimigos
armados de ilusões)

é pedra a flor da estrada
(cercada de cemitérios
onde cruzes são cifrões)

é pedra feita palavra
(quase sempre sepultura
do trabalho apodrecido)

palavra filha do gesto
(para os velhos: indigesto)

leve e puro do menino
(flor sa(n)grando rebeldia:
clara semente da aurora)

quebrando o negro cristal
(estrela velha, caída
na noite da mais-valia)

estilhaçando a vidraça
(redoma, muro, prisão:
precipício, solidão)

em tempo de dura andança
(a liberdade germina
no seio de falsos natais)

a pedra, a flor, a palavra
o gesto, o dia, a estrada
brotam
das mãos do menino:
estrelas de sangue, esperma e argamassa
sóis de fúria e pranto e alegria
iluminando
o novo horizonte: claro e verdadeiro
como o azul que nasce do ventre da manhã


deus está morto

(recitada no seminário de es-
tudos filosóficos realizado na
Galeria  “Álvaro Santos” —
Aracaju


a angústia do ser ou não-ser
é mentirosa
face o pranto amargurado do nada
ter para comer


os fragmentos das rosas se levantam
apodrecidos e feito estrume
alimentam o jardim de luz e amor
que amanhã perfumará a casa, o pão e a
cama do homem

a palavra apodrece nas bocas
dos filósofos que habitam o encantado
mundo, o puro Éden, onde as fezes
e o sangue humano são figuras literárias

senhoras, atentai para Zaratustra:
“DEUS ESTÁ MORTO”
morreu quando a cruz do calvário
foi transformada em suástica
e as palavras ditas na montanha
enterradas com as cinzas de Giordano Bruno

a morte dele transformou-se em vida
e a vida em cruz e a cruz em luz
e a luz é faca que corta as trevas
a escuridão que habita o coração do homem
que tem o não, o grito e o amor
vendidos no mercado

e o tempo e o homem e o homem
e o tempo estremecem a vida
e a vida irrompe do ventre da História
esmagando as falsas pontes
que ligam o amanhã de verdade

 


ao ontem de ilusões e crimes


canção

o céu esta pobre
está triste
está frios
as estrelas fugiram

meu facho apagou-se
agora é escuro
agora ele é feito da massa mais rija
é feita de barro, de pedra e de sangue
feito de fome, de sede e de frio
agora ele é luta
é escuro mas brilha
é feito de pó
da estrada da aurora

as estrelas fugiram
o céu está frio
mas eu canto a canção
de fé no porvir
ao lado do irmão que marcha comigo

eu canto esperança
aos que falta o pão

eu canto ternura
aos que não me ouvem
mas sentem o raiar

não há brilho de estrelas
há promessa de luz
no sol de amor que está a nascer

         

       brados

que tortura maio pode existir
do que não se poder falar?
de ver tantos homens a dormir,
e não poder a eles acordar!

dormem todos,
dormem um sono profundo.
poucos são os acordados.
todos dormem o sono dos tolos.
dorme o mundo,
acordemo-lhe aos brados.

bradando pela justiça,
pela razão, pela consciência.
gritando que nossa pátria
sofre muito,
é espoliada.

clamando pelo despertar,
clamando pela luta.
clamando pelo bem-estar
de quem com suor labuta.

o povo chama a morte,
a morte diz que já vem,
cansada ele já está
de tantos homens do povo levar.

que choro das crianças famintas.
que os gritos de dor do homem agonizante.
que as chagas purulentas dos meninos
doentes.
que o desespero da mãe de um filho morto,
morto de fome, de sede e de frio.
acorde os que dormem
o sono inocente e casto da ignorância,
o sono terrível da alienação.
e que mate os que sabem e vêm
porém nada fazem...


*
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Página publicada em setembro de 2025.


 

 

 
 
 
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